GRUPO OS QUATRO VINTES

Pormenor de catálogo de exposição, 1968 (col. Galeria Alvarez)
Acabar um curso em Belas Artes com nota final de vinte valores é obra!!!
Ângelo de Sousa, Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues conseguiram-no! O feito deu-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto, e em 1968 formam o grupo "Os Quatro Vintes" que teria o seu termo em 1972. As suas carreiras continuam ainda hoje. Mas "Os Quatro Vintes" ficarão na memória daquela faculdade por muito tempo, a servir de inspiração aos estudantes que por lá passam.
O esquisso-a4 também não esquece!




O Jogo da Macaca I, 2004, Óleo sobre tela, 140x180 cm
Jorge Pinheiro, 1931
Natural do Porto, tem colaborado com arquitectos e paisagistas e é autor de numerosas ilustrações de livros para crianças.
Partindo de uma obra figurativa, evoluiu mais tarde para o abstraccionismo geométrico, questionando também o próprio suporte que pode adquirir formas pouco ortodoxas, rompendo com o seu carácter predominantemente rectangular. No período em que pertenceu ao grupo referido, desenvolveu preferencialmente estes aspectos interessando-se pela construção de objectos de cores lisas e brilhantes. Posteriormente, dedicaria grande atenção ao desenho e às suas relações com a pintura, explorando os valores da composição, em obras de grande virtuosismo em que se assiste ao retorno da figuração.




Sem Título, Serigrafia, 60x60 cm
Armando Alves, 1935
Natural de Estremoz viria a realizar a sua actividade na cidade do Porto. Formou-se na ESBAP com vinte valores e aqui foi professor entre 1962 e 1973.
Tendo começado por uma figuração que pode aproximar-se do universo neo-realista, representando motivos do meio alentejano do trabalho, optou seguidamente, e nisso acompanhando quase todos os seus colegas de geração por um informalismo matérico que desenvolveu nos anos 60. A década seguinte é de grande experimentação, associada ao rigor e à definição que as artes gráficas emprestam, marcada por uma exploração do signo "arco-íris" e pela construção de objectos pintados, depurados e contidos. A partir dos anos 80 retoma os valores da paisagem, tornando-se o Alentejo quase omnipresente, mas completamente transformados pela experiência adquirida.





Guardador de Sol, 1963,Bronze, 320 x 110 x 80 cm
José Rodrigues, 1936
Natural de Luanda, o seu nome e a sua obra haveriam de ligar-se indiscutivelmente à cidade do Porto. Tem tido uma actividade extremamente fértil nas áreas da escultura, do desenho, da ilustração, da medalhística e da cenografia teatral.
Embora nas duas últimas décadas o artista tenha realizado diversas exposições dedicadas quase exclusivamente ao desenho, foi a produção escultórica que o impôs na cena artística nacional. Inicialmente o escultor procurou a exploração de elementos lineares e filiformes que colocavam as peças em relacionamento evidente com o espaço (deixando-se atravessar por ele) e aspectos inerentes à escultura moderna, como o equilíbrio, a estabilidade versus instabilidade ou o movimento.






Fonte (Tese de Fim de Curso), 1963, Acetato de polivinilo sobre platex, 195 x 188 cm
Ângelo de Sousa, 1938
Ângelo César Cardoso de Sousa, nasceu em Lourenço Marques ( actualmente, Maputo ). Diplomou-se em Pintura na Escola de Belas-Artes do Porto onde, a partir de 1963, passou a fazer parte do corpo docente. Fez posteriormente estudos em escolas de Londres ( 1967 - 1968 ). Inaugurando um ciclo de exposições organizadas pelo estudante de Arquitectura José Pulido Valente, em que se procurava mostrar simultaneamente um artista jovem com um consagrado, coube a que Ângelo apareceu em 1959 ao lado de Almada Negreiros iniciar a sua carreira pública.
Predominando desde o início o sentido compositivo simétrico, as linhas verticais assumem uma grande importância nos campos cromáticos que Ângelo elabora.

in http://esquisso-a4.blogspot.com/



No Porto, ligado à Escola de Belas Artes e à Cooperativa Árvore - espaço alternativo aos patrocinados pelo regime - o grupo Os Quatro Vintes composto por Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, José Rodrigues e Armando Alves, entre 1968 e 1972, visa através da força de grupo alcançar uma acrescida visibilidade, chamar a atenção para a debilidade do ambiente cultural da cidade nortenha e reflectir sobre os novos conceitos da escultura, mas sem, no entanto, criar um programa plástico coerente e de conjunto, como fica demonstrado pela diversidade dos percursos individuais dos seus elementos.

Alexandre Melo in MELO, Alexandre – Arte e Artistas em Portugal. Lisboa: Instituto Camões, Círculo de Leitores, 2007.
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